sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Retalhos de Cetim

“Retalhos de Cetim” foi composto ao tempo em que Benito Di Paula morava no bairro paulistano da Bela Vista. Curiosamente, embora pianista Benito o compôs ao violão. Lançado em um show que ele fazia no Teleco-Teco, “Retalhos de Cetim” agradaria em cheio os habituées da casa, entre os quais se incluíam os sambistas Ciro Monteiro e Monsueto.

A propósito, foi muito importante para a vida noturna de São Paulo O sucesso das “casas de samba” da região do Baixo Bixiga, antigo nome da Bela Vista. O fato ocorreu em conseqüência do esvaziamento do Jogral, após a morte, em 1970, de seu fundador, o cantor e compositor Luís Carlos Paraná. Então, os freqüentadores do famoso bar da rua Avanhandava atravessaram a avenida Nove de Julho para criar na rua Santo Antônio e adjacências um novo núcleo de intensa vida musical fundamentalmente sambístico.

Surgiriam em seqüência casas como o Balaco Baco, que originou o Teleco-Teco, depois Da Paróquia, o Catedral do Samba (onde Benito também atuou), o Igrejinha, que abrigava o público excedente dos demais e outros de menor êxito. Além de Benito, eram atrações habituais nessas casas figuras como Adauto Santos, Pedro Miguel, Chico Matos e Mário Edson.

Mas, voltando a “Retalhos de Cetim”, foi graças ao prestígio deste samba que Benito seria convidado a gravar na Copacabana, embora, paradoxalmente, a música escolhida para o compacto de estréia tenha sido “Ela”, mais tarde também gravada por Jair Rodrigues.

Desprezado por ser considerado muito romântico, “Retalhos de Cetim” só entraria no segundo compacto, iniciando de imediato sua escalada para o sucesso, que projetou o nome do autor no país e até no exterior, onde a composição ganhou gravações como as realizadas pela orquestra de Paul Mauriat e o guitarrista americano Charlie Byrd.

“Retalhos de Cetim” conta a história de um sambista que ensaia o ano inteiro, compra surdo, tamborim e uma fantasia de retalhos de cetim para uma cabrocha que jurou desfilar por ele(“Gastei tudo em fantasia / era só o que eu queria / e ela jurou desfilar por mim”). Mas, como a cabrocha não cumpre a promessa, Benito deu ao samba um tom lamentoso, o que de certa forma induz a participação da platéia nas pausas, uma das razões que o ajudaram a se popularizar: “Mas chegou (mas chegou) o carnaval (o carnaval) / e ela não desfilou / eu chorei na avenida, eu chorei / não pensei que mentia / a cabrocha que eu tanto amei.”

Benito Do Paula - nome artístico do fluminense de Nova Friburgo Uday Veloso — fez de “Retalhos de Cetim” número obrigatório de seus shows, em que figura como a penúltima música, sendo a última “Charlie Brown”, grande sucesso de 1975 (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jaime Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

Retalhos de cetim (1973) - Benito Di Paula
 Am                              Em
Ensaiei meu samba o ano inteiro,
Am                      Em
Comprei surdo e tamborim.
Am                     C
Gastei tudo em fantasia,
                 F
Era só o que eu queria.
             B7            E7
E ela jurou desfilar pra mim,
Am                            Em
Minha escola estava tão bonita.
Am                          Em
Era tudo o que eu queria ver,
Am                  C
Em retalhos de cetim.
                      F
Eu dormi o ano inteiro,
             B7          E7
E ela jurou desfilar pra mim.
       A   E/G#      Em/G  F#7
Mas chegou o carnaval,
         Bm       F  E7
E ela não desfilou,
            Am          Gm7 C7 F7+
Eu chorei na avenida, eu chorei.
                          Bm5-/7 E7
Não pensei que mentia a cabrocha,
            A
Que eu tanto amei. Oh! Cabrocha saudosa! Benito volta para nós! Love Angela

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